terça-feira, 1 de março de 2011

«O Discurso do Rei» é o grande vencedor dos Óscares


Foi uma noite sem surpresas: os resultados bateram todos certos com as previsões dos analistas, com «O Discurso do Rei» a vencer em toda a linha. Colin Firth, Natalie Portman, Christian Bale e Melissa Leo foram os actores premiados.

Com cerca de três horas de duração, a 83ª cerimónia de entrega dos Óscares foi uma das mais rápidas dos últimos anos, e também uma das que reservou menos surpresas na atribuição dos prémios: em todas as categorias principais, as estatuetas douradas foram parar às mãos dos nomeados de vitória mais previsível. Assim, «O Discurso do Rei», tal como muitos vaticinavam, foi o grande vencedor da noite, arrecadando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Realizador (para o relativamente inexperiente Tom Hooper, que assim passou à frente de outro dos favoritos, David Fincher), Melhor Actor (Colin Firth) e Melhor Argumento Original (David Seidler).

Também como previsto, não houve concentração de troféus em qualquer filme, com apenas «A Origem» a igualar as quatro estatuetas de «O Discurso do Rei», mas em categorias ditas técnicas: Melhor Fotografia, Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais. «A Rede Social», inicialmente o favorito à vitória teve de se contentar com as estatuetas para Melhor Argumento Adaptado (Aaron Sorkin), Melhor Banda Sonora Original (de Trent Reznor e Atticus Ross) e Melhor Montagem. Já «Cisne Negro» só conquistou um troféu mas foi um dos mais importantes: Melhor Actriz para Natalie Portman, que subiu ao palco em avançado estado de gravidez e fez um dos discursos mais sentidos da noite.

«The Fighter - Último Round» saiu da noite com dois troféus, também bastante previsíveis, para Christian Bale e Melissa Leo nas interpretações secundárias. A segunda provocou um dos maiores burburinhos da noite quando deixou escapar um «fucking» em directo durante o agradecimento, provavelmente a primeira vez que tal palavra foi dita numa cerimónia dos Óscares. Os espectadores norte-americanos não ouviram porque os poucos segundos de «delay» permitiram retirar o som ao termo, mas para o resto do mundo foi um dos únicos momentos inesperados da noite.

«Toy Story 3» também confirmou o favoritismo arrecadando as estatuetas de Melhor Longa-Metragem de Animação e Melhor Canção Original para Randy Newman, por «We Belong Together».

«Indomável» tornou-se um dos filmes mais nomeados da história a não receber qualquer Óscar (10 nomeações, zero estatuetas). Também regressaram a casa de mãos a abanar «127 Horas» (seis nomeações) e «Os Miúdos Estão Bem» e «Despojos de Inverno» (quatro nomeações cada).

Mesmo o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro confirmou a vitória dos Globos de Ouro, indo parar às mãos do dinamarquês «In a Better World».

Assim, os momentos mais surpreendentes da cerimónia acabaram por ficar por conta do próprio espectáculo, nomeadamente com a presença inesperada de Kirk Douglas (que protagonizou um dos momentos mais divertidos da noite ao criar suspense na atribuição do Óscar de Melhor Actriz Secundária), do ex-mestre de cerimónias Billy Crystal (a apresentar um segmento de homenagem a Bob Hope), de Celine Dion (que cantou «Smile» para musicar o segmento dedicado aos profissionais do cinema falecidos no último ano), e até, num pequeno clip, do próprio Barack Obama, a revelar que a sua música favorita do cinema é «As Time Goes By», de «Casablanca».

No meio de tudo isto, os anfitriões Anne Hathaway e James Franco conduziram a cerimónia em tons estranhamente desalinhados. Se ela se mostrou enérgica e fervilhante, mostrando sozinha os seus dotes vocais numa impressionante versão de «On my Own», já ele parece ter cumprido a ameaça que fez de ser o pior apresentador de sempre da cerimónia, quase sempre em registo sonolento e pouco empenhado, pouco consentâneo com os talentos de actor que lhe valeram este ano a nomeação ao Óscar.

Veja aqui a lista completa de vencedores da 83ª edição dos Óscares.